Arte CCBB Brasília recebe retrospectiva de Flávio Cerqueira, um dos nomes mais relevantes da escultura contemporânea brasileira Após temporadas de grande repercussão em São Paulo e Belo Horizonte, a exposição Flávio Cerqueira – um escultor de significados chega a Brasília para ocupar a Galeria 2 do Centro Cultural Banco do Brasil Brasília (CCBB Brasília) a partir de 18 de junho. A mostra, com curadoria de Lilia Schwarcz, celebra os 15 anos de trajetória do escultor paulistano com cerca de 40 obras em bronze, que exploram temas como identidade, raça, classe, gênero e pertencimento, a partir de cenas do cotidiano. Com entrada gratuita, os ingressos podem ser reservados no site bb.com.br/cultura ou retirados diretamente na bilheteria do CCBB Brasília. A primeira e mais completa retrospectiva de Flávio Cerqueira ganha novos contornos ao chegar à capital do país — cidade marcada pela monumentalidade arquitetônica, pela centralidade política e pela diversidade cultural. Lilia Schwarcz, historiadora, antropóloga e imortal da Academia Brasileira de Letras, destaca a relação entre a linguagem escultórica de Cerqueira e o contexto simbólico da cidade. “A linguagem das esculturas do Flávio tem tudo a ver com a arquitetura de Brasília. A temática, que fala do povo comum — das pessoas na rua, de sandália, de pé no chão — faz muito sentido em Brasília, que é cheia de história e cheia da nossa aventura por democracia. Essa exposição é, sobretudo, democrática e inclusiva”, defende. “Temos visto uma recepção muito emocionada por onde a mostra já passou, com o público se enxergando nesses pedaços de significação que as esculturas carregam”, completa. O próprio Flávio Cerqueira também celebra a chegada da mostra à capital federal. “Por ser um artista interessado em construir imagens que dialoguem com o cotidiano do cidadão comum, considero Brasília um território essencial para essa mostra”, explica. “Apresentar minhas obras aqui é uma oportunidade de acionar novos sentidos e apontar caminhos possíveis para questões enraizadas na nossa sociedade — como as desigualdades raciais, de gênero e de classe —, justamente num lugar onde tantas decisões impactam diretamente a forma como vivemos”. Uma escultura que narra, interpela e transforma O trabalho de Flávio Cerqueira insere a escultura em bronze em novas dinâmicas de representação. Em diálogo com uma tradição que, por séculos, celebrou figuras de poder — notadamente homens brancos —, Cerqueira ergue no bronze personagens que observa no cotidiano, deslocando o olhar para figuras antes marginalizadas e atribuindo-lhes altivez, densidade filosófica e dimensão poética. “Não faço retratos, crio personagens”, afirma o artista. Cada figura é um fragmento de história suspensa no tempo — “como um instante pausado de um filme” —, e o espectador é quem finaliza a narrativa. A mostra não apenas apresenta as esculturas, mas também os bastidores de sua construção, por meio de objetos de ateliê, moldes e registros do processo artístico. A curadoria enfatiza ainda que a obra de Cerqueira não se alinha a um realismo documental ou panfletário, mas sim a uma narrativa aberta, em permanente transformação. O livro, elemento recorrente em suas peças, simboliza esse movimento: ora aparece como algo distante, ora como extensão do corpo e da experiência popular. “Entre o corpo curvado de Ex Corde (2010) e a postura confiante de Better Together (2020), há o registro da evolução de um pensamento e de uma trajetória”, escreve Lilia Schwarcz no texto curatorial. Facebook Comments Redação Compartilhar AnteriorTerraço Shopping promete noite com música romântica neste Dia dos Namorados Nenhum Artigo 13/06/2025